(foto tirada por mim no parque estacionamento Chão do Loureiro em Lisboa)
Foi o meu pior ano no que diz respeito às relações inter-pessoais. Tive uma zanga com um amigo, um amigo próximo, o meu melhor amigo. Não está em causa o motivo da zanga, pois somos os dois muitos teimosos, mas sim as coisas feias que ouvi. As palavras amargas que me foram dirigidas sem apelo nem agravo. Depois de tantos anos...Foi doloroso e passado quase um ano a dor continua, embora escondida. Há coisas que não se dizem a ninguém e há uma frase que não consigo esquecer, por mais tempo que passe: -
"Com esse feitio não me admira que as pessoas se fartem de ti e te deixem.". Percebo que num momento de raiva se possa ser louco ao ponto de dizer tudo o que nos passa pela cabeça, mas não terá o passado qualquer peso? A amizade de anos não serve de travão para impedir que se magoe um amigo? Eu sou uma pessoa frontal e às vezes, ou muitas vezes, sou bruta, mas nunca fui capaz de ofender ninguém de forma leviana, muito menos um amigo. A amizade perdeu-se e só sobram as recordações.
Deparei-me com outra desilusão, também no campo da amizade, a da mentira e da falsa modéstia. Fui envolvida numa história bizarra, com contornos estranhos. Não era metida nem achada na questão em particular, mas fui envolvida sem ser consultada e isso criou-me mau estar. Esperei por uma explicação e um pedido de desculpa, que não seria mais do que a obrigação de quem me envolveu na situação, ainda para mais porque era minha amiga. Nada chegou, a não ser um enorme e constrangedor vazio.
Talvez seja mesmo verdade, posso efectivamente ter um feitio complicado, quem não tem? Sou como sou e não me encontro mais defeitos que os demais. Assim, considero que cada um destes passos que relato, são episódios de uma vida, que embora não se revele fácil, é a minha. Assumo que sou selectiva, que gosto de escolher as pessoas com quem me dou, que não sou influenciável e muito menos "vendida". Sim, talvez o meu bom ex-amigo tenha razão, talvez o problema seja meu e, por isso mesmo, seja preferível estar sozinha. Até porque a solidão é relativa, só faz falta quem me quer bem e mais vale só que mal acompanhada.
No campo amoroso a questão também não foi fácil. Em 2011 continuei a apostar numa relação complicada. Insisti, achando que o meu amor e a sua amizade chegavam para nos manter juntos. É uma mentira redonda. Andámos às voltas mas acabámos sempre no mesmo ponto de partida. Uma verdadeira volta de 360º, girou, girou e não se saímos do mesmo sítio. A minha paixão por ele não chegou e a sua amizade é isso mesmo, uma amizade pura. Tive de aprender a separar estes dois estados, porque para mim, um não fazia sentido sem o outro, mas e verdade absoluta é que a paixão não existe sem amizade mas a amizade pode existir sem paixão. Continuo a dedicar-lhe uma boa parte da minha atenção e nutro por ele uma estima incalculável, um amor incondicional, mas comecei o ano percebendo que eu não sou efectivamente
"the one", porque por mais que o tenha beijado eu nunca deixei de ser um sapo. Sim, é isso mesmo, fui eu que não me transformei, fui eu que não o resgatei da torre em que se encontra aprisionado. Cresci, 5 anos depois, cresci e deixei de acreditar em fábulas. Em histórias fantásticas de tigres e dragões, de destinos escritos ou almas gémeas.
Espero então, que o 2012 me traga paz de espírito, que me permita sonhar e concretizar esses meus sonhos. Que me deixe voar e encontrar o meu caminho.