Já tinha saudades deste cheiro. Do frio da noite do campo que me obriga a abraçar um agasalho. Lá fora está escuro e as estrelas iluminam o céu com o seu cintilar. Cai o orvalho sobre o verde que em breve se irá converter nos castanhos do Outono.
Não resisto e sento-me no banco da entrada. Tranquilamente fumo um cigarro. Já se consegue sentir o cheiro das lareiras que à noite são ateadas com ramos secos de um Verão que nos deixou. Os sons nocturnos são familiares e com o vento chega o cheiro da madressilva que se debruça sobre o muro da entrada. Fecho os olhos e deixo que o vento me segrede ao ouvido. Roça-me os cabelos e gela-me os ombros. Sem dúvida, o Outono chegou.
Sei que em breve estaremos juntos e é essa certeza que me deixa com o sorriso que trago comigo. Este sorriso chega de uma forma serena, chega com a mudança do tempo, que espero sinceramente que nos traga boas novas. Foi o Abril que nos deu a liberdade, foi esse o mês que nos aproximou de tal forma que hoje não me vejo sem te ter do meu lado. Estamos a crescer e neste momento, mesmo sem dar por isso, caminhamos juntos de mãos dadas, no mesmo sentido. As folhas que caem não são folhas perdidas, são folhas de um passado que nos ajuda a escrever um futuro.