quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Enquanto a cidade dorme...


Ontem à noite corri mais uma vez os cantos mais inóspitos da cidade.
Os sem abrigo recorrem a todas as arcadas que os possa acolher do ar gélido que assombra a Baixa, aquela hora da noite. Os cartões são o seu maior tesouro, pois retêm o calor dos seus corpos, fazendo com que o tormento da noite não seja tão insuportável.

Todas aquelas pessoas deambulam durante o dia de um lado para o outro, de uma forma mecânica, aguardando desesperadamente, que todos os transeuntes deixem a cidade e sigam caminho para suas casas. É a única forma de se poderem nos seus nichos habituais sem serem importunados. Nichos esses que são quase sempre frentes de lojas, com arcadas e com alguma iluminacão. Acho que a luz os conforta.

Em plena Almirante Reis a maioria deles deitam-se nas tais arcadas de lojas de móveis, o grande monopólio da zona. Imaginem o que será adormecer sobre o chão de pedra, frio…sujo…com o corpo magoado do desconforto, olhando para uma cama, com todo o seu luxo e esplendor.
É uma imagem cruel.

Este é um pedaço do mundo que já faz parte do meu quotidiano.
Sei que o que faço não é muito, mas é o que posso e sei que pelo menos aquela refeição eu consigo garantir-lhes. A refeição, uma palavra amiga, um pouco de companhia.

Este, seria um mundo melhor se não existissem pessoas com estas necessidades, mas se existem e este não é um mundo maravilho porque não fazer a diferença? Porque não dar a mão?

4 comentários:

  1. Depois de ler este post,fiquei pensativa e parada por alguns segundos,eu não tinha pensado neles,
    nos sem abrigo.
    Que enquanto eu dormia no conforto da minha cama, com o aquecimento ligado
    a noite toda , hã pessoas que nem um teto têm,e dormem em condicões desumana.É A INJUSTICA DO MUNDO.
    UM BEIJO

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  2. Fazes parte dessas equipas voluntarias que dão algum conforto aos sem abrigo? Parabens pelo altruismo... deviamos ser todos um bocadinho assim....

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  3. Anónimo14.2.07

    Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Anónimo14.2.07

    Se a ajuda que ofereces te ajuda (e passo a redundância) de alguma forma...tanto melhor!

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