sábado, 25 de fevereiro de 2006

Realidade


Ultimamente não tenho tido coragem para escrever, digo coragem porque é preciso tê-la para por a nu os nossos sentimentos. Sinto que tenho deixado de fazer muita coisa, desculpando-me com o facto de não tempo.
O tempo somos nós que o fazemos e há sempre tempo para fazer aquilo que gostamos. Eu gosto de escrever… acredito que estas páginas são as minhas maiores confidentes, nelas deposito a confiança que perdi no ser humano. Não digo isto com revolta mas sim com pesar… não deixo os meus sentimentos em mãos alheias, pois sinto que hoje em dia tudo o que nos rodeia é uma realidade cruel e insensível.
Hoje em dia não há espaço para lamechices, para romantismos, tudo é feito sobre a pressão do tão nosso conhecido stress. As palavras que se tornam a ordem do dia são a correria, a agitação, a dinâmica do viver. Eu luto contra isto, não digo que não, mas no fundo o ser humano passou a ser uma máquina que não vive, mas sobrevive neste mundo a preto e branco.
Quero ver as cores, parar para ver o azul do céu, o fresco verde dos montes… há quanto tempo não paras para ver uma bela tarde de Outono que trás tons quentes, as folhas caídas de um Verão cansado? A beleza da Primavera, viçosa e alegre? Quantas vezes dás por ti a admirar o céu?
Admirar o que é belo… é um dos meus prazeres. Mesmo nas noites de Inverno, em que o céu está encoberto, consigo encontrar uma Lua brincalhona que se ora se esconde, ora espreita com o seu sorriso fantástico… Sim, a Lua também sorri, pelo menos para mim…

Camões


Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já foi coberto de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.

Luís de Camões

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

Respiro fundo


Vivo cada dia como se fosse o último.
Sinto que o tempo passa por mim e deixa a sua marca. Quero aproveitar a força que sinto neste momento e alcançar os objectivos que tracei para um futuro próximo.
Acordo sempre com vontade de saber mais, viver mais, conhecer todos os cantos do mundo, mesmo os mais remotos.
Desejo ser livre para poder caminhar sobre os livros, conhecer pessoas novas, partilhar experiências, ter o céu como limite.
Mas no fundo a realidade é outra e os meus pés estão pregados no chão, diria mais, cimentados, completamente aprisionados à vida do dia a dia, à rotina. A aventura é sobreviver ao reboliço diário. Assim a realidade é que sou mais uma cidadã do mundo, nascida em Lisboa, cidade poética… que me entope as veias de poluídas palavras, sem sentido. Palavras proferidas sem sentimento, largadas ao vento sobre uma das sete colinas.
O tempo passa por mim, a voar, deixando as suas marcas, das quais me apercebo, vivendo cada dia como se fosse o último.

Viver sempre também cansa


Entre leituras, encontrei um poema que gostaria de partilhar convosco, é de José Gomes Ferreira e fala-nos sobre a monotonia da vida.

Viver sempre também cansa

O sol é sempre o mesmo e o céu azul
ora é azul, nitidamente azul,
ora é cinzento, negro, quase-verde…
Mas nunca tem a cor inesperada.

O mundo não se modifica.
As árvores dão flores,
folhas, frutos e pássaros
como máquinas verdes.

As paisagens também não se transformam.
não cai neve vermelha,
não há flores que voem,
a lua não tem olhos
e ninguém vai pintar olhos à lua.

Tudo é igual, mecânico e exacto.

Ainda por cima os homens são homens.
Soluçam, bebem, riem e digerem
sem imaginação.

E há bairros miseráveis sempre os mesmos,
discursos de Mussolini,
guerras, orgulhos em transe,
automóveis de corrida…

E obrigam-me a viver até à Morte!

Pois não era mais humano
morrer por um bocadinho,
de vez em quando,
e recomeçar depois,
achando tudo mais novo?

Ah! Se eu pudesse suicidar-me por seis meses,
morrer em cima de um divã
com a cabeça sobre a almofada,
confiante e sereno por saber
que tu me velavas, meu amor do Norte.

Quando viessem perguntar por mim,
havias de dizer com o teu sorriso
onde arde um coração em melodia:
“Matou-se esta manhã.
agora não o vou ressuscitar
por uma bagatela “

E virias depois, suavemente,
velar por mim, subtil e cuidadosa,
pé ante pé, não fosses acordar
a Morte ainda menina no meu colo…

domingo, 12 de fevereiro de 2006

Escrita


Nem sempre estou triste quando escrevo o que me vai na alma.
Na maior parte das vezes escrever faz-me feliz, deixa-me aliviada e como tal tudo fica mais fácil. Escrever é tão importante como o oxigénio que respiro, se não as traçar no papel definho lentamente até morrer… é essencial ver estes borrões de tinta, que marcam a minha vida, escritos, não interessa onde, numa folha de papel, num guardanapo, na palma da mão…
Escrever como quem fala, como quem canta, escrever como quem chora, quem ri…

Abraçar a vida com uma caneta, um teclado… o que interessa é usar as palavras para enriquecer o passado e o presente e brindar ao futuro.

Escrever a primeira palavra da manhã e a última da noite, as palavras especiais para as pessoas especiais, as palavras menos queridas, palavra por palavra, contar, relatar, descrever, imaginar… tudo é possível com o pequeno gesto que é escrever, enfim, só…

Eu sei


Se eu voar sem saber onde vou,
Se eu andar sem conhecer quem sou,
Se eu falar e a voz suar com a manhã...
Eu sei
Se eu beber dessa luz
Que apaga a noite em mim,
E se um dia eu dizer que já não quero estar aqui!
Só Deus sabe o que virá,
Só Deus sabe o que será,
Não há outro que conhece
Tudo o que acontece em mim.
Se a tristeza é mais profunda que a dor
Se este dia já não têm sabor
E no pensar que tudo isto já pensei...
Eu sei
Se eu beber dessa luz
Que apaga a noite em mim,
E se um dia eu dizer que já não quero estar aqui!
Só Deus sebe o que virá,
Só Deus sabe o que será,
Não há outro que conhece
Tudo o que acontece em mim.



sábado, 11 de fevereiro de 2006

Rotina

É ao fim do dia que acordo… passo o dia mecanizada, tudo o que faço faz parte de uma rotina, que já faço de olhos fechados.
Mas nunca deixo de acordar para ver as estrelas, para contemplar o céu escuro que cobre a cidade como um manto celeste. Sinto-me melhor de noite… onde não fico tão exposta. O dia derrota-me quando o sol se põe, depois o que fica é nada mais, nada menos do que a minha essência. O corpo fica caído na cama, moído da luta constante do dia, mas a minha essência paira sobre a cidade como um olhar indiscreto. É na noite que tudo acontece.
Nunca sentiste que é com o por do sol que chega a libertação?
Quando a noite chega trás o sonho, as nossas fantasias… à noite tudo é possível.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

A saudade



Sinto que mesmo antes de partires, já uma saudade que me corrói a alma, que me enfraquece o espírito. Sei que depois vai ser como um luto que nos cobre o olhar de negro e não deixa transparecer a vida.
Magoa saber que no fundo nunca estiveste aqui, do meu lado… ilusão a minha, quando por vezes, ao sentir o teu corpo, te considerava ali, presente, como se fosses meu.
Nunca te tive pois não?
Fazes-me falta, não digo que não, mas não faria sentido pedir-te para ficares. És como o vento, ora aqui, ora ali, para ti nenhum paradeiro é definitivo, tudo é temporário. Não vives, como eu, agarrado a um batalhão de sentimentos.

O que sinto, e não minto, é vontade de te esquecer…
Serás apenas a fotografia ao lado da minha insónia.
Uma memória que me segreda no escuro, aquilo que nunca existiu… que me faz adormecer…mas não esqueço a voz , pois o teu silêncio esmaga-me.

Desilusão


Estou desiludida!
Sinto que não é a primeira vez que passo por isto, mas estas são as tais situações em que não se aprende de forma a ficarmos preparados para a próxima. Cada desilusão é única. Aparece como um vendaval e arranca tudo do seu devido lugar e assim a ordem das coisas torna-se um caos, uma rebelião de sentimentos.
Não há nada a fazer, já sei, por isso limito-me a chorar quando penso em tudo o que se passou, ando pela casa em pijama, sem vontade sequer de me olhar no espelho, se o fizer, sei que choro ainda mais. Não me apetece comer, sinto um nó na garganta por tudo o que deixei de dizer e fazer.
Às vezes gostava de ser mais forte, fazer jus ao meu signo, Leão! Ser destemida e de coragem tal, que nada haveria de me fazer recuar. Enfim sonhar é fácil, no fundo somos todos cobardes e eu não sou diferente de ninguém, sou tão ou mais fraca do que qualquer um de vós.
De tanto trambolhão na vida este foi sem dúvida o menos feroz, já passei por situações bem piores, mas talvez seja por isso mesmo que me sinto assim é triste.A altura não poderia ser pior, estava a canalizar todo o meu esforço para dois objectivos, familiar e profissional e tinha tudo sob controlo, metódica como sou, sabia que tudo estava a correr como planeado, mas a surpresa surge, quando menos esperava, do campo sentimental. Depois ainda dizem que este tipo de sentimentos não atrapalham.Foi de efeito maremoto, chegou cobrindo-me com as suas ondas vorazes e nem deram tempo para me afogar, quando vi já estavam de partida, deixando para trás o caos e o silêncio, que só uma catástrofe é capaz de causar.
Mas ainda assim, de peito dorido, garantidamente, sei que amanhã vou estar lá de braços abertos para a vida, com o mesmo humor, com o mesmo sorriso, porque a vida tem tanta coisa boa, há tanto para aproveitar.As cicatrizes ficam e secam com o tempo e a vida continua.
O coração pode estar magoado mas vai bater com mais força, mais cedo ou mais tarde, de uma forma ou de outra. Ainda que hoje me esconda com a minha cobardia, amanhã irei triunfar de braço dado com a vontade perpétua de vencer.
Enfim só!

Letras


O silêncio deixa-me ileso e que importância têm?
Se assim tu vês em mim alguém melhor que alguém.
Sei que minto pois o que sinto não é diferente de ti.
Não cedo, este segredo é frágil e é meu.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa que às vezes tenho medo de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
Quem te disse coisas tristes não era igual a mim.
Sim, eu sei que choro, mas eu posso querer diferente para ti.
Eu não sei tanto sobre tanta coisa que às vezes tenho medo de dizer aquelas coisas que fazem chorar.
E não me perguntes nada, eu não sei dizer.

Procura


Quanto mais procuro a razão, menos lógica lhe encontro.


Mudar ou não mudar?


Mudar ou não mudar?Tudo depende de nós, da decisão que se pode tomar, da visão que se tem diante da situação. A mudança em si exige força de vontade, coragem e paciência. Não é fácil mudar de direcção da noite para o dia, muito menos mudar de estilo de vida, de relacionamento, de cidade ou de emprego. Tudo requer um amadurecimento. Assim, as mudanças só ocorrem quando estivermos preparados para os resultados das mesmas. Não haverá um progresso na nossa vida se não soubermos valorizar 1 passo dentre os 10 mil que já demos. Por isso as mudanças acontecem e os resultados vêm logo em seguida.

Mudar é difícil porque geralmente nos acomodamos a tudo: pessoas, objectos, imóveis, emprego e sentimentos. Muitas vezes mudar significa subir mais degraus, ou simplesmente trocar de escada. Mas em todos os casos a mudança é necessária. E seja como for, ela só trará benefícios, pois ela representa nossa acção naquilo que nos fará ser alguém melhor ou naquilo que será melhor na nossa vida. Não devemos ter medo de mudar!Às vezes só precisamos olhar para os lados e descobrir novos caminhos, ou fechar uma porta para abrir uma janela.Mudanças para tudo que nos faz esmorecer, desanimar ou querer desistir para, finalmente, ser uma pessoa feliz.

Mudar o que está mal é evoluir, progredir ser alguém melhor e definitivamente mais realizada.Mesmo que isso implique ficar...enfim...só...!