domingo, 29 de outubro de 2006

Fim de tarde de sábado.


Da varanda contemplo a cidade a meus pés, sinto o cheiro vindo do mar que se embrulha com o rio. Neste vagueiam pequenos barcos à vela, deslizando pelo manto prateado que absorve os últimos raios de sol.
Aqui e ali, acende-se uma e outra luz, o sol já praticamente escondido deixa no céu um rasto que faz adivinhar bom tempo para amanhã.
Como uma gigante constelação a Baixa acende-se sobressaindo assim alguns pontos mais reluzentes.
Do meu lado direito consigo ver a muralha do jardim da Senhora do Monte, na Graça.. No meio dos escuros telhados admiro também o jardim de luzes vermelhas, o boémio Bairro Alto, é aqui que existe maior frenesim nocturno.
As ruínas do Carmo… ai as ruínas, que vislumbre. Brotam no meio destes prédios austeros como uma tulipa branca. Só lhe ofusca a beleza, a luz, do elevador de Santa Justa, que ali foi plantado em ferro contorcido.
Do Chiado chega o cheiro do café…talvez vindo de uma chávena ainda quente de quem se senta na Brasileira.
De pés descalços, sinto ainda na pedra, o calor que o sol deixou. Sento-me por um momento e observo a rua da Vitória que a esta hora ainda está repleta de gente.
As esplanadas estão repletas, pois o tempo a isso convida.
Da boca do metro do Chiado as pessoas saem a um ritmo alucinante, como se da boca de um poeta se tratasse onde as palavras saem aos pares formando um lindo poema.
Oiço daqui a melodia do artista de rua, que perdido na calçada canta e encanta que passa numa das ruas deste labirinto.
Oiço o som da passagem do eléctrico, é um dos sons que mais adoro a seguir ao toque dos sinos das seis ou sete igrejas que me rodeiam.
Do meu lado esquerdo, de braços abertos, está quem parece nos receber com carinho e a mensagem que o vento trás, cantada baixinho diz que basta para isso atravessar a ponte.
O rio está negro, tão negro quanto o céu envergonhado que esconde o que eu procuro todas as noites…as estrelas.

sexta-feira, 27 de outubro de 2006

Só sei que nada sei…


É como me sinto.
Não é na verdade tristeza, é apenas o tal vazio que está a imperar…
Passei o dia com uma moleza tal, estou numa fase caseira…só me apetece dormir.

Uns tempos antes de ir de fim-de-semana, li em conjunto com um bom amigo, a título de brincadeira, o meu horóscopo mensal no qual dizia que por esta altura me iria sentir assim, procurando manter-me em reclusão. Não sei se esta fase terá aparecido por sugestão ou se é de facto uma grande coincidência, até porque nunca fui mulher de ler esse tipo de “material cor-de-rosa”, mas de facto apetece-me ficar só.
Ando arrastada por uma certa melancolia...não me larga este aperto no peito...esta dor profunda.

Amanhã sei que vou acordar melhor, porque mesmo quando tudo parece não ter solução, quando todas as portas se fecham, aparece sempre um bom amigo que me ajuda a abrir uma janela.


Conclusão:
Acho que nos dias que correm eu não acredito em nada e acredito em tudo…preciso encher a cabeça, preciso ocupar-me ao máximo para não ter tempo para pensar em coisas que não valem a pena. Alguns de vocês podem perguntar: mais ainda? Mas tu já tens tanto que fazer!
Não, ainda me sobra algum tempo, tempo esse que quero partilhar com quem precisa. Estou a pesquisar o mundo do voluntariado e à primeira oportunidade ai vou eu.
Dar uma mão, um gesto amigo a quem precisa.
É nisto que acredito e é por isso que vou lutar.

domingo, 22 de outubro de 2006

Deixei-me ir com as ondas do mar...


Estive finalmente longe…longe da confusão, do monopólio cinzento e do cheiro da cidade. Há muito que esperava por isto.
Parece que ainda sinto o cheiro do mar…e nos lábios as gotas salgadas trazidas pelo vento. Fecho os olhos e sinto que ainda trago comigo o som das ondas.
Acho que consegui exorcizar todos os fantasmas do meu armário…deitei os problemas pela janela e respirei fundo.
Voltei com a certeza de que tudo tem remédio…Tudo passa!

quarta-feira, 18 de outubro de 2006

Porto Covo...aí vamos nós!


Ontem fomos às compras…o fim-de-semana está cada vez mais perto e não queremos que falte nada.
Não falta o moscatel, a cachaça para a bela caipirinha, os queijos, os enchidos e o vinho tinto…se estiver frio ainda mais acolhedor se torna. Ou se o tempo estiver a nosso favor, porque não fazer um brinde à sombra da lua que pinta o mar cor prata...Tenho suadades do cheiro do mar, de sentir os grãos de areia nos pés...

Ainda mais importante que estas iguarias e estes encontros magníficos com a natureza é levar na bagagem boa disposição, harmonia…e muita paz de espírito.
A expectativa é enorme pois consideramos isto uma feliz aventura.
Partimos na sexta, depois de mais um dia de trabalho, onde a pressão transborda o bom senso e onde o lucro não compensa o esforço. Por isso mesmo, a caminho do Alentejo, o prometido é manda todos os problemas pela janela, cantar, cantar bem alto e até bater palmas.

Sim, companheiro de viagem, terás de cantar e bater palmas lol.
Assim vou dar descanso ao teclado, que sofre com a força que sinto na ponta dos dedos.
Vou dar folga a estas folhas perdidas num espaço cibernauta…depois, quando voltar, juro contar a história da nossa pequena grande viagem.

P.S. tás a ver como sabias que o beijo especial era para ti. É pela força que (imprevisivelmente) me tens dado.

terça-feira, 17 de outubro de 2006

A felicidade exige valentia.


Ando numa fase melancólica…tudo me deixa em baixo…por isto ou por aquilo as lágrimas chegam com a mesma intensidade da chuva.
Lembrei-me assim de recorrer a quem entende destas coisa e devorei estas palavras.

“Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela vá à falência
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É sabre falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um “não”. É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no meu caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo…”

Fernando Pessoa

sexta-feira, 13 de outubro de 2006

A vontade...


É incrível como ainda me espanto.
Estou rodeada de pessoas fúteis e completamente ocas. Pessoas sem o mínimo bom senso, que andam aqui por andar. É difícil partilhar com estas pessoas oito horas diárias da minha vida. Ouvir as suas piadas sem sentido, as suas teorias falhadas. Seres que só valorizam o material e o mais trivial.
Corrói-me a alma estar aqui sentada, inerte, sem poder fazer nada… ficando apenas embriagada com tanta estupidez.
Posso parecer radical mas de facto não consigo controlar este sentimento.
Revolta-me.
Destas cabeças só saem ideias sem pés nem cabeça, não sabem argumentar, expor ideias interessantes. Posso inclusive chama-las de incultas, por mais estudos que tenham. A estas pessoas de nada serviu o canudo. Andaram na faculdade, rodando pelos corredores porque era mais uma fase da vida, na qual se sentiam obrigadas a passar. Não cresceram, não têm experiência, não se interessam por aprender. O que fazem constantemente é gozar, maquinar, conspirar, são apenas mentes perversas. Por isso mesmo agora não conseguem ter ideias próprias.
Concluo que as palas não foram feitas apenas para os burros.

Ontem comecei a louca corrida do Futuro.
Acordei com vontade de chegar, lutar e vencer! Sei que posso ir mais longe e nada me demove desta ideia. Tive uma manhã esclarecedora, onde fiquei a conhecer os caminhos que vou percorrer durante a etapa do “chegar”. Estive em locais nunca visitados. Os blocos da sabedoria, as salas do engenho, os cantos com o cheiro das paginas por tantos percorridas.
O som da guitarra ao pequeno almoço…a juventude.
A vontade, é tanta a vontade.

quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Doce poema.




“Sonha com as estrelas,
Apenas sonha,
Elas só podem brilhar no céu.
Não tentes deter o vento,
Ele precisa correr por toda a parte,
Ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
As lágrimas?
Não as seques,
Elas precisam correr na minha,
Na tua, em todas as faces.
O sorriso!
Esse deves segurar,
Não o deixes ir embora, agarra-o!
Persegue um sonho,
Mas não o deixes viver sozinho.

Alimenta a tua alma com amor,
Curea as tuas feridas com carinho.
Descobre-te todos os dias,
Deixa-te levar pelas vontades,
Mas não enlouqueças por elas.
Abasteçe o teu coração de fé,
Não a percas nunca.
Alaga o teu coração de esperanças,
Mas não deixes que ele se afogue nelas.
Se achares que precisas voltar, volta!
Se perceberes que precisas seguir, segue!
Se estiver tudo errado começa novamente.
Se sentires saudades mata-as.
Se perderes um amor, não te percas!
Se o achares, segura-o!
Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala.
O mais é nada.”

Fernando Pessoa.

sábado, 7 de outubro de 2006

Dois...


No dia 29 de Setembro fui ao Centro Cultural Olga Cadaval ver dança contemporânea.
Dois. Um espectáculo de dois intérpretes, pensado a partir da ideia de Romeu e Julieta, em que os acessórios são considerados supérfluos, para enfatizar o essencial do encontro entre os dois.
Encontros e desencontros, o momento em que se conhecem formando entre eles um labirinto, os sons, as cores, as fotografia… como se tudo se passasse no íntimo de cada uma das personagens e não sendo assim necessário um interlocutor exterior para revelar o que entre eles existia.
Um bailado de dois corpos que transparecem sentimentos. A harmonia entre dois, os gestos, as mãos. Não foi preciso uma só palavra. Um amor impossível.
Sintra faz com que tudo se torne ainda mais intenso.
A noite que cai sobre a serra trazendo gotas de orvalho, frescas, vivas. A lua que paira sobre o místico castelo…
Um bom momento nas melhores companhias.
Estão são as noites que desejo repetir muitas e muitas vezes.



quinta-feira, 5 de outubro de 2006

Dei um tempo…



Dei um tempo para saber o que me passava na alma e de forma a não me tornar tão repetitiva, mas receio que pouco mudou. Os sentimentos são os mesmos apenas com pequenos rasgos de lucidez.
Os dias passam mas as ideias permanecem meio turvas na minha mente…
Ando bem disposta, mas existe algo que não me deixa estar em pleno êxtase.
Não sei explicar mas falta algo…

Voltei à fase do ano em que tenho o dia totalmente preenchido e não tenho tempo para nada…desde que acordo até ao momento que me deito ando numa roda-viva. Isto seria razão suficiente para me abstrair do tal vazio que sinto.
Pelo contrário.
Este nó no estômago…esta sensação de perda está presente em mim 24 horas por mim, mesmo que não queira, aliou-se ao meu subconsciente e palpita como se de um ritmo cardíaco se tratasse e dele dependesse a minha vida.
É constante.